Mariovane Raul

Clandestino

Foi preciso um francês maluco embarcar numa expedição pela América Latina com seu violão e sua curiosidade musical para lançar o disco que registra de forma única a nossa cultura.
O maluco em questão é Manu Chao. Francês filho de espanhóis que fundou em 1986 o Mano Negra. Influenciado pela atitude anarquista de Joey Strummer do The Clash, o nome da banda é uma homenagem a uma organização anarquista que operava na Espanha na época.
Em 1992 eles estiveram no Brasil durante o Eco 92 e fizeram uma turnê de barco por todas as cidades portuárias do país. A banda se desfez em 1995 devido a velha história das divergências musicais e atritos internos.
Foi a partir desse momento que Manu Chao embarcou numa viagem pela América Latina armado com o seu gravador de oito canais na mala, seu violão e enchendo seu gravador com gravações de transmissões de rádio das guerrilhas, áudio de jogos de futebol, ritmos flamencos, folk rock, salsa. Tudo isso cantado em francês, português, inglês e espanhol. Todo esse arsenal se converteu no seu primeiro álbum solo, Clandestino.


O álbum foi lançado em 1998 obtendo grande sucesso na França e em toda a América Latina. Nem o próprio Manu Chao esperava tamanha repercussão no seu álbum de estréia. 
O disco mostra a dor da viagem, desilusões de um trovador e problemas sociais muito bem explorados nas músicas. Há samples dos discursos do subcomandante Marcos espalhados por todo o disco. Para quem não sabe, o subcomandante Marcos é o porta voz do comando militar do grupo indígena mexicano chamado Exercito Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). Quem chegou a trabalhar como voluntário do exercito zapatista foi Zack de la Rocha, vocalista do Rage Against the Machine (mas isso é outra história).
Voltando para o disco, Manu Chao começa os trabalhos com a faixa que da nome ao álbum:

Clandestino
Solo voy com mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley

Perdido em el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel

Depois dessa, não preciso falar mais nada. Melhor deixar Chao falar através da sua música, expressando suas ideias revolucionárias nesse álbum clássico deste francês clandestino.


Leia este post escutando: "Welcome to Tijuana" - Manu Chao do álbum Clandestino de 1998

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